quinta-feira

O Fim

Álvares de Azevedo era de pouca vitalidade e o desconforto das repúblicas aliado ao esforço intelectual intenso, enfraqueciam sua saúde. Entre 1851 e 1852, manifestou-se a tuberculose pulmonar, agravado por uma lesão ocasionada numa queda de cavalo ocorrida no mês anterior. Sofreu uma intervenção cirúrgica que não surtiu efeito, e faleceu às 17 horas no dia 25 de Abril de 1852. Seu corpo foi enterrado no cemitério Pedro II, na Praia Vermelha; em 1854, foi transladado para o cemitério São João Batista.

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!


Se eu morresse amanhã foi escrita dias antes de sua morte e lida no enterro por Joaquim Manuel Macedo.

Tudo o que eu guardei no peito - Parte 3

A ambulância chegou rápido, não sei quem a chamou, mas naquela hora nada mais importava. Acompanhei ela até o hospital, avisando aos seus pais no caminho. Aquela cena parecia mais um pesadelo, e que em alguns instantes eu iria acordar e dar graças a Deus. Mas não era. Logo quando chegou ela foi diretamente para a emergência. Não pude entrar com ela. Fiquei na sala de espera. Confesso que nunca fui muito apegado a Deus, mas naquele instante, me ajoelhei e com toda minha fé comecei a orar.
Dona Lisa chegou logo em seguida. O rosto dela estava desesperado e sua voz estava tremula. Ela me perguntava sem parar. Onde estava a filha dela, o que tinham feito com ela. Mas eu não conseguia responder, estava em pleno estado de choque.
Finalmente o médico chegou até nós e falava:
- Ela sofreu um acidente muito grave senhora, e descobrimos que ela tinha problema de coração. O caso dela pode ser genérico. Você sabe de algum caso da sua família?
A conversa ficava distante ao longo que eu atravessava o corredor. Escondido, abri todas as portas até encontrar o quarto dela. Quando encontrei, o meu coração ficou apertado no peito, estava ela ali sobre uma cama de hospital, ferida. E não pude fazer nada, sentei ao lado dela e comecei a chorar baixinho. Senti suas mãos nas minhas e disse:
- Não chore.
- Me desculpe Beatriz, a culpa foi minha, e eu nem fiz nada. Eu não vou me perdoar nunca!
- Psiiu ! – a voz dela falhava – Agora, eu preciso te falar, tudo o que eu guardei no meu peito por todos esses anos. Nando, eu amo você, amo como nunca amarei alguém, amo cada qualidade e defeito seu. O seu sorriso é o que me faz sorrir. Ver você é o que me dar forças de me levantar da cama. Eu não consigo viver longe de você.
Eu a olhava em seus olhos, incrédulo, a garota que eu amei me amava o tempo todo e eu nunca percebi. Eu queria poder dizer mil coisas mais não conseguia e nem pude. Porque de repente a máquina que marcava seus batimentos cardíacos parou. E ela fechou os olhos.
Eu chorava, gritava, a equipe médica rapidamente chegou até o quarto e me tirou de lá. Eu fui pra sala de espera e me ajoelhei em frente à imagem de Deus. E com os olhos fechados comecei a rezar, rezei o que parecia uma eternidade, mas na verdade fora poucos minutos. Eu estava desesperado. Fui interrompido pelo médico, o mesmo que falava com Dona Lisa antes. Seu rosto não demonstrava nenhum sentimento. Mas eu sabia que aquele seria o pior momento da minha vida.



O conto chega ao fim,
espero que vocês tenham gostado, e obrigada a quem leu até o final.
E fica a dica:
Não fique o dia todo pensando no que fazer. FAÇA! Porque você não sabe o que pode acontecer amanhã, e talvez você possa se arrepender por toda sua vida. 

Fiquem bem.
Beijos, Ingryd Hayara

Tudo o que eu guardei no peito - Parte 2


Aquela manhã passou incrivelmente rápida. Não parei de pensar um segundo se quer em como seria aquela tarde. Seria hoje, em um dia quente de primavera, que eu iria me declarar para o amor da minha vida. Dizer a ela que eu a amava, dizer, sem medo de não ouvir o mesmo.
Distante em meus pensamentos ouvi o sinal tocar anunciando a nossa saída. Andamos o caminho todo sem conversas muito fixas, e quando chegamos a esquina de sua casa, falei:
- Precisamos conversar.
- Conversar? – perguntou ela curiosa – Sobre o que?
- Não não não, só de tarde !
- Argh! Se você queria me deixar curiosa, conseguiu!
Comecei a rir, o que a fez rir também. Estávamos em frente de sua casa. Tinha chegado a hora da despedida. Mesmo que fosse por poucas horas, me angustiava ficar longe dela. Paramos. E a vontade de abraçá-la moveu meu corpo em um movimento quase que involuntário. Sentia-me bem com ela em meus braços, por alguns instantes meu mundo estava junto ao meu peito, em segurança.
- Se cuida baixinha.
- Não sou baixinha, tenho 1.70m – dizia ela com orgulho.
- Não importa, sempre será a minha baixinha.
Pude vê-la sorrir e em seguida falou:
- Eu te amo!
- Você sabe que eu também.
Ela me olhou mais uma vez, e seguiu para a porta da sua casa.
- Você não sabe quanto!
Fiquei um bom tempo ainda em frente a casa dela. Mas precisava ir pra minha. Não duvidava que aquela tarde fosse inesquecível, e mal sabia eu que realmente não seria.
Os minutos se arrastavam, mas finalmente chegou a hora marcada. Saí de casa. O meu coração batia freneticamente, minhas mãos suavam, sem sombra de dúvidas estava nervoso. Cheguei ao parque em um segundo, ela ainda não havia chegado. Não conseguia parar e relaxar. Até que a vi, ali no outro lado da rua, ela estava com o livro na mão. Suas covinhas apareciam ao decorrer que o seu sorriso se espalhava. Em um segundo aquela era a imagem dela, até que tudo aconteceu muito rápido, no instante seguinte Beatriz estava caída no chão sangrando. Um carro a havia atropelado. Eu gritei com todas as minhas forças, correndo até o local em que ela estava. Isso não podia estar acontecendo. A multidão se formava em volta. E eu só conseguia repetir o nome dela.

quarta-feira

Tudo o que eu guardei no meu peito - Parte 1

Bem, o Conto a seguir tem um pouco de algumas das características do Romantismo: Liberdade de criação, Sentimentalismo, Culto à imagem, Idealização da mulher, um leve toque de Byronismo. Citando o nome do nosso querido Álvares de Azevedo. 
Essa é a primeira de três partes, para acompanhar, é só ficar ligado aqui no blog.

Beijos, Ingryd Hayara

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O celular tocava as 06h15min, me despertando para uma nova segunda-feira. Mais uma vez me acordava de um sonho, do qual gostava de chamar de pedaço do paraíso. Ao ficar completamente lúcido, apenas um nome aparecia em minha mente.
- Beatriz
Eu sussurrava o nome dela sorrindo. Levantei-me apressado para me arrumar, contando os minutos para poder encontrá-la. Beatriz era simplesmente a garota mais incrível e bonita que existia. Ela era branca e tinha cabelo escuro feito a noite, ondulados até a metade de suas costas. Tinha um corpo de uma típica garota de dezesseis anos. Suas curvas eram perfeitas, mas, nenhuma superava a do seu sorriso. Seus olhos eram esverdeados, que me hipnotizavam sempre que ela olhava  pra mim, tornando-me um completo idiota.
Finalmente em frente a casa dela, gritei:
-Beatriz !!
- Um segundo. – Respondia, com a mais doce das vozes.
Beatriz era minha amiga desde a 3ª serie. Éramos inseparáveis e continuávamos assim até hoje. Por causa disso, eu sempre fui vítima de piadinhas. Sempre me lembro quando meus colegas falavam
- Huum, Fernando e sua namoradinha onde está ela? Você esta apaixonado por ela!
- Mas é claro que não. – retrucava – Somos apenas amigos. Isso jamais vai acontecer comigo.
Só não tinha me dado conta que a vida tem um jeito engraçado de provar o quanto estamos errados. Deixando o pensamento de lado e voltando para a realidade. Erguia os olhos para poder vê-la voando pela porta saltitante, despedindo-se de sua mãe. Ela era encantadora.
- Nando!!
Ela me abraçava de um jeito único, que se tornava para mim o melhor de todos os abraços. Cada minuto que se passava, tentava obrigar minha boca a dizer o que o meu coração gritava, mas a coragem sempre me faltava.
Andávamos devagar, ela falava sobre filmes, livros e como seria sua apresentação de teatro, que ainda faltava um mês. Mas falava com tamanha excitação como se fosse hoje. Seguia calado, confirmando e comentando pequenos comentários sempre que necessário. Repentinamente ela parou de falar e posicionou-se em minha frente me fazendo parar.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não. O que poderia ter acontecido?
- Não sei, você que deveria dizer... Certo?
- Eu só queria,  ãhn, gostaria de dizer...
- Dizer?
- Eu am... – Estava tremendo feito um louco, finalmente era aquela a minha chance. Inspirei fundo e continuei sem pensar duas vezes – Eu amaria se você me emprestasse aquele seu livro. Lira dos Vinte anos !
- Álvares de Azevedo, maior representante brasileiro do mal-do-século?! Não creio no que escuto.
- Aah... Eu também sou um romântico – eu me condenava por dentro por não ter dito a ela, eu era idiota mesmo.
Ela sorriu como se tivesse adivinhado meus pensamentos e começou:

“Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos 
Se eu morresse amanhã!”

- Levarei hoje à tarde... Nosso passeio ainda está de pé, sim?
- Claro!
Chegamos à escola, já havia tocado, provavelmente o professor já devia estar na sala. Seguimos o para a sala sem dizer mais nada.

Dorme


Se te amei! se minha alma só queria
Pela tua viver,
No silêncio do amor e da ventura
Nos teus lábios morrer!


                                                                                                      
                        
                                                                                              Trecho do Poema "Dorme"           

Último soneto


Já da noite o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

terça-feira

Curiosidades de Álvares

Hoje vamos comentar algumas curiosidades sobre Álvares de Azevedo o grande artista do Romantismo:


→ foi um escritor da segunda geração romântica contista, dramaturgo, poeta e ensaísta brasileiro, autor de Noite na Taverna, como já comentamos

→ Na  faculdade de Direito passou à se destacar onde desde logo ganhou fama por brilhantes e precoces produções literárias. Destacou-se pela facilidade de aprender línguas e pelo espírito jovial e sentimental.

→  É patrono da cadeira 2 da Academia Brasileira de Letras.

→ Suas principais influências são: Lord Byron, Goethe, François-René de Chateaubriand, mas principalmente Alfred de Musset.

→ Um aspecto característico de sua obra e que tem estimulado mais discussão, diz respeito a sua poética, que ele mesmo definiu como uma "binomia", que consiste em aproximar extremos, numa atitude tipicamente romântica.

→Segundo alguns pesquisadores, Álvares de Azevedo que teria escolhido o título "As Três Liras", pois havia uma garota - que até hoje ninguém sabe a identidade, muito bem escondida pelo Dr. Jaci Monteiro - que tocava esse instrumento.

→ É o primeiro a incorporar o cotidiano na poesia no Brasil, com o poemas Ideias íntimas, da segunda parte da Lira.


Enfim... depois de tantas curiosidades
só podemos dizer uma coisa Álvares de Azevedo
foi um artista renomeado, e um dos melhores do Romantismo!

Cazuza- Exagerado



A música de composição de Cazuza,
vem com uma características do Romantismo, o amor exagerado .

segunda-feira

Uma bela frase de um de belo autor!

 
" Invejo as flores que murchando morrem,
E as aves que desmaiam-se cantando
E expiram sem sofrer... "




                                                         Álvares de Azevedo

Obra de um Grande Artista

Álvares de Azevedo não publicou obras em vida, mais logo depois da sua morte foi publicado com grande sucesso a "Lira dos vinte anos" e é sobre essa obra que iremos comentar hoje!

Obra mais conhecida do poeta ultrarromântico Álvares de Azevedo, contém criações vinculadas a duas vertentes bem definidas: de um lado, temas sentimentais e abstratos; de outro, a forte presença do sarcasmo e da ironia

A obra contém, na primeira parte, um prefácio geral e uma dedicatória à mãe do poeta. Maneco era muito apegado a sua mãe;

São 33 poemas, que vão de No Mar até Lembrança de Morrer. A segunda parte é formada por 19 poemas, além de um elucidativo prefácio que abre a seção; 
 

A primeira e terceira partes têm temas assemelhados: a morte, a família, os temas da adolescência, o sonho, a religiosidade, a forma feminina como obsessão;
 




Gênio de seu tempo?
Talvez.
Mas a poesia de Álvares de Azevedo, se comparada aos seus companheiros de Ultra-romantismo, reina soberana. Ele é, sem dúvida, o expoente máximo de sua época no Brasil.



Declamação


Trecho da novela Essas mulheres.
Nesta cena, o Fernando Seixas, vivido por Gabriel Braga Nunes declama
a poesia "Por que mentias ? " 

Na declamação da novela falta a 3ª estrofe !

Para poder acompanhar a poesia, só conferir abaixo:

Por que mentias, leviana e bela,
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre?... e minha vida
Tu vias desmaiar... por que mentias?

Acordei da ilusão! a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias?

Sabe Deus se te amei! sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe este pobre coração que treme
Que a esperança perdeu porque mentias!

Vê minha palidez: a febre lenta...
Este fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito... Eu morro! eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?







Música do Romantismo

Hoje estamos postando uma música muito bonita de um grande músico e conhecido do Romantismo  chamado Ludwig van Beethoven:
 9ª Sinfonia
Alegria, bela centelha divina,
Filha de Elysium,
Entramos fogo embebidas,
Celestial, o santuário!
Sua magia reúne
Foi rigorosamente divididos:
Todos os homens são irmãos,
Onde suas asas delicadas.

Quem teve a sorte grande,
Um amigo de seu amigo, que ganhou uma linda mulher
Participe da nossa alegria!
Sim, mesmo que apenas uma alma
Em sua própria terra!
E quem não é capaz de roubar
Chorando por esta empresa!

Todas as criaturas bebem alegria
Nos seios da natureza,
Tudo bem, todo o mal
Siga seu caminho rosado.
Kiss que nos deu e videiras,
Um amigo, morte comprovada;
O prazer foi dado o worm,
E do querubim está diante de Deus.

quinta-feira

Romantismo na música - Parte I




A música de composição de Seu Jorge,
é um exemplo de música brasileira contendo umas das principais
características do Romantismo, a Idealização da mulher .

Luar de Verão


O que vês, trovador? — Eu vejo a lua
Que sem lavor a face ali passeia...
No azul do firmamento inda é mais pálida
Que em cinzas do fogão uma candeia.

O que vês, trovador? — No esguio tronco
Vejo erguer-se o chinó de uma nogueira...
Além se entorna a luz sobre um rochedo,
Tão liso como um pau de cabeleira.

Nas praias lisas a maré enchente
S'espraia cintilante d'ardentia...
Em vez de aromas as douradas ondas
Respiram efluviosa maresia!

O que vês, trovador? — No céu formoso
Ao sopro dos favônios feiticeiros
Eu vejo — e treino de paixão ao vê-las -
As nuvens a dormir, como carneiros.

E vejo além, na sombra do horizonte,
Como viúva moça envolta em luto,
Brilhando em nuvem negra estrela viva
Como na treva a ponta de um charuto.

Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Torno-me vaporoso... e só de ver-te
Eu sinto os lábios meus se abrir de sono. 

                                               Tirada do livro- "Poesia Brasileira-Romantismo"

quarta-feira

Minha desgraça



  Minha desgraça não é ser poeta,
           Nem na terra de amor não ter um eco,
      E meu anjo de Deus, o meu planeta
         Tratar-me como trata-se um boneco…
  Não é andar de cotovelos rotos,
       Ter duro como pedra o travesseiro…
          Eu sei… O mundo é um lodaçal perdido
            Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro…
     Minha desgraça, ó cândida donzela,
      O que faz que o meu peito blasfema,
    É ter para escrever todo um poema
    E não ter um vintém para uma vela.

terça-feira

Onde estais?

Revirei os céus e as estrelas a te procurar,
Jovem Maneco, onde tu estás?
Escalei a mais alta montanha mas
Não te achei, onde estás jovem Maneco?
Pergunto-te, Maneco, onde está o amor?
Que nos faz cometer várias loucuras,
Que às vezes nos alegra
Mas ao mesmo tempo nos deixa tristes.
Amor palavra simples,
Mas composta de vários sentimentos,
Alguns indescritíveis.
Maneco aparece,
Preciso te perguntar onde está o amor?
Onde tu estás jovem Maneco?
Amor é uma palavra pequena,
Mas pesa muito em vários corações.
Amor fácil de se falar mas difícil de se ter.
Amor o que eu posso falar do amor?
... Onde está o amor?
Maneco só tu podes me responder!


                                                                       Autora: Rayanne Jaqueline

Cavaleiro, quem és?



Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Por que brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

                                                      
                                     
    Trecho da poesia 'Meu sonho'

Noite na Taverna

Noite na Taverna reúne contos fantásticos, retratando as influências de uma época marcada por Byron e Musset. Entre uma baforada e um gole de vinho, as personagens narram fatos macabros e sombrios de seu passado. Além disso, uma característica da obra é a visão idealizada do amor, pois só o amor seria capaz de corrigir todos os males.

  O livro é composto por três básicas características:
  •  Amor: histórias macabras
  •  Morte: crime e violência. Em todos os capítulos há o tema da morte por amor.
  • Bebida: ao se lembrarem das dolorosas lembranças, as personagens vão se embriagando; com isso parte de sua dor é suavizada.


    Esse é um bom livro para se ler nesse feriado!

    Cartas de Álvares de Azevedo à mãe

    Por volta de 1848, o jovem Manuel Antônio Álvares de Azevedo, com apenas 17 anos deixa a família na corte do Rio de Janeiro para concluir seus estudos na Faculdade de Direito no Largo São Francisco em São Paulo. No entanto, para sua decepção, sentiu-se completamente isolado na própria terra natal. O calçamento ruim e a iluminação precária ofereciam um bom cenário para a criatividade de Álvares de Azevedo. Tal situação, o levará a repudiar diversas vezes a mesquinharia da cidade nas cartas que endereça à mãe, D. Maria Luísa Silveira da Mota, durante quatro anos.


    CARTA À MÃE:
    S. Paulo, 12 junho de 1849
    Tenho a vista a sua de 3 de corrente que. com muito prazer recebi.
    Enquanto no Rio reluzem esses bailes a mil e uma noites, com toda a sua mania de fulgências e luzes, por aqui arrasta-se o narcótico e cínico baile da concórdia Paulistana.
    Nunca vi lugar tão insípido, como hoje está S. Paulo – Nunca vi coisa mais tediosa – e mais inspiradora de spleem [enfado, melancolia] – se fosse eu só que pensasse, dir-se-ia que. seria modéstia – mas todos pensam assim – a vida é um bocejar infinito.
    Não há passeios que entretenham, nem bailes, nem sociedades – parece isto uma cidade de mortos – não há nem uma cara bonita em janela, só rugas, caretas desdentadas – e o silêncio das ruas só é quebrado pelos ruídos das bestas sapateando no ladrilho das ruas.
    Esse silêncio convida mais ao sono que ao estudo – enlanguesce, e entorpece a imaginação e pode-se dizer que a vida aqui é um sono perpétuo.
    Passam dias e dias sem que eu saia de casa – mas que hei de eu fazer? As calçadas não consentem que um par de pés guarnecidos de um par de calos – como os meus – possam andar vagando pelas ruas – Fico em casa, e contudo por isso não estudo mais do que quando no ano passado eu ia todas as noites conversar em alguma casa de família, ou num baile.
    Estudo sempre, contudo – porém é como a martelo, é unicamente a força de vontade.
    Diga a Nhanhã que as obras vão andando e q. prometeram-me por qualquer destes dias a toalha.
    Basta por hoje, muitas. lembranças a todos – a Exma. Sra. Nhanhã, a Marianinha, Quinquins etc. etc. e lance sua bênção sobre
    Seu f. do coração.
    Maneco.