Bem, o Conto a seguir tem um pouco de algumas das características do Romantismo: Liberdade de criação, Sentimentalismo, Culto à imagem, Idealização da mulher, um leve toque de Byronismo. Citando o nome do nosso querido Álvares de Azevedo.
Essa é a primeira de três partes, para acompanhar, é só ficar ligado aqui no blog.
Beijos, Ingryd Hayara
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O celular tocava as 06h15min, me despertando para uma nova segunda-feira. Mais uma vez me acordava de um sonho, do qual gostava de chamar de pedaço do paraíso. Ao ficar completamente lúcido, apenas um nome aparecia em minha mente.
- Beatriz
Eu sussurrava o nome dela sorrindo. Levantei-me apressado para me arrumar, contando os minutos para poder encontrá-la. Beatriz era simplesmente a garota mais incrível e bonita que existia. Ela era branca e tinha cabelo escuro feito a noite, ondulados até a metade de suas costas. Tinha um corpo de uma típica garota de dezesseis anos. Suas curvas eram perfeitas, mas, nenhuma superava a do seu sorriso. Seus olhos eram esverdeados, que me hipnotizavam sempre que ela olhava pra mim, tornando-me um completo idiota.
Finalmente em frente a casa dela, gritei:
-Beatriz !!
- Um segundo. – Respondia, com a mais doce das vozes.
Beatriz era minha amiga desde a 3ª serie. Éramos inseparáveis e continuávamos assim até hoje. Por causa disso, eu sempre fui vítima de piadinhas. Sempre me lembro quando meus colegas falavam
- Huum, Fernando e sua namoradinha onde está ela? Você esta apaixonado por ela!
- Mas é claro que não. – retrucava – Somos apenas amigos. Isso jamais vai acontecer comigo.
Só não tinha me dado conta que a vida tem um jeito engraçado de provar o quanto estamos errados. Deixando o pensamento de lado e voltando para a realidade. Erguia os olhos para poder vê-la voando pela porta saltitante, despedindo-se de sua mãe. Ela era encantadora.
- Nando!!
Ela me abraçava de um jeito único, que se tornava para mim o melhor de todos os abraços. Cada minuto que se passava, tentava obrigar minha boca a dizer o que o meu coração gritava, mas a coragem sempre me faltava.
Andávamos devagar, ela falava sobre filmes, livros e como seria sua apresentação de teatro, que ainda faltava um mês. Mas falava com tamanha excitação como se fosse hoje. Seguia calado, confirmando e comentando pequenos comentários sempre que necessário. Repentinamente ela parou de falar e posicionou-se em minha frente me fazendo parar.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não. O que poderia ter acontecido?
- Não sei, você que deveria dizer... Certo?
- Eu só queria, ãhn, gostaria de dizer...
- Dizer?
- Eu am... – Estava tremendo feito um louco, finalmente era aquela a minha chance. Inspirei fundo e continuei sem pensar duas vezes – Eu amaria se você me emprestasse aquele seu livro. Lira dos Vinte anos !
- Álvares de Azevedo, maior representante brasileiro do mal-do-século?! Não creio no que escuto.
- Aah... Eu também sou um romântico – eu me condenava por dentro por não ter dito a ela, eu era idiota mesmo.
Ela sorriu como se tivesse adivinhado meus pensamentos e começou:
“Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!”
- Levarei hoje à tarde... Nosso passeio ainda está de pé, sim?
- Claro!
Chegamos à escola, já havia tocado, provavelmente o professor já devia estar na sala. Seguimos o para a sala sem dizer mais nada.