quarta-feira

Minha desgraça



  Minha desgraça não é ser poeta,
           Nem na terra de amor não ter um eco,
      E meu anjo de Deus, o meu planeta
         Tratar-me como trata-se um boneco…
  Não é andar de cotovelos rotos,
       Ter duro como pedra o travesseiro…
          Eu sei… O mundo é um lodaçal perdido
            Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro…
     Minha desgraça, ó cândida donzela,
      O que faz que o meu peito blasfema,
    É ter para escrever todo um poema
    E não ter um vintém para uma vela.

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