Aquela manhã passou incrivelmente rápida. Não parei de pensar um segundo se quer em como seria aquela tarde. Seria hoje, em um dia quente de primavera, que eu iria me declarar para o amor da minha vida. Dizer a ela que eu a amava, dizer, sem medo de não ouvir o mesmo.
Distante em meus pensamentos ouvi o sinal tocar anunciando a nossa saída. Andamos o caminho todo sem conversas muito fixas, e quando chegamos a esquina de sua casa, falei:
- Precisamos conversar.
- Conversar? – perguntou ela curiosa – Sobre o que?
- Não não não, só de tarde !
- Argh! Se você queria me deixar curiosa, conseguiu!
Comecei a rir, o que a fez rir também. Estávamos em frente de sua casa. Tinha chegado a hora da despedida. Mesmo que fosse por poucas horas, me angustiava ficar longe dela. Paramos. E a vontade de abraçá-la moveu meu corpo em um movimento quase que involuntário. Sentia-me bem com ela em meus braços, por alguns instantes meu mundo estava junto ao meu peito, em segurança.
- Se cuida baixinha.
- Não sou baixinha, tenho 1.70m – dizia ela com orgulho.
- Não importa, sempre será a minha baixinha.
Pude vê-la sorrir e em seguida falou:
- Eu te amo!
- Você sabe que eu também.
Ela me olhou mais uma vez, e seguiu para a porta da sua casa.
- Você não sabe quanto!
Fiquei um bom tempo ainda em frente a casa dela. Mas precisava ir pra minha. Não duvidava que aquela tarde fosse inesquecível, e mal sabia eu que realmente não seria.
Os minutos se arrastavam, mas finalmente chegou a hora marcada. Saí de casa. O meu coração batia freneticamente, minhas mãos suavam, sem sombra de dúvidas estava nervoso. Cheguei ao parque em um segundo, ela ainda não havia chegado. Não conseguia parar e relaxar. Até que a vi, ali no outro lado da rua, ela estava com o livro na mão. Suas covinhas apareciam ao decorrer que o seu sorriso se espalhava. Em um segundo aquela era a imagem dela, até que tudo aconteceu muito rápido, no instante seguinte Beatriz estava caída no chão sangrando. Um carro a havia atropelado. Eu gritei com todas as minhas forças, correndo até o local em que ela estava. Isso não podia estar acontecendo. A multidão se formava em volta. E eu só conseguia repetir o nome dela.
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